
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (25) que os alvos da operação ligados ao PCC movimentaram, em cinco anos, mais de R$ 4 bilhões.
Uma operação conjunta deflagrada mais cedo mostrou que a atuação não se restringia a postos de gasolina. Segundo informações da Receita Federal, por meio de aliados, o principal alvo da ação também operava lojas de franquias, motéis e empreendimentos na construção civil.
“E recolhimento praticamente nenhum de tributos, 0,1% da movimentação. Isso chamou a atenção da Receita Federal, a baixíssima arrecadação dessa montanha de recursos”, comentou Haddad a jornalistas, ao elogiar a Operação Spare.
Segundo o ministro, desde 2023 foi montado um “núcleo de fraude estruturada” na Receita para combater o crime organizado e a “intersecção entre o crime organizado e a economia real”.
“A lavagem de dinheiro implica, muitas vezes, ter atividades, entre aspas, ‘lícitas’ justamente para lavar o dinheiro. Mas é um braço artificial para que aconteça a lavagem de dinheiro. Então, por trás daquela atividade aparentemente regular, tem uma atividade ilícita”, explicou.
Haddad informou que o governo federal estuda criar uma delegacia na Receita Federal, a partir do núcleo.
“Nós temos uma decisão de transformar [o núcleo] numa delegacia da Receita Federal, que vai ter, portanto, um pessoal dedicado ao aprofundamento de investigações dessa natureza. Uma delegacia no âmbito da Receita Federal”, destacou o ministro.
Segundo Haddad, tem havido tratativas entre órgãos da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele informou que deu autorização para a Receita encaminhar a criação da delegacia ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
“Temos falado, inclusive, com o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] e Polícia Federal, para que essa integração no plano federal tenha ainda mais alcance. E obviamente que nós precisamos também de um bom relacionamento com os ministérios públicos aqui, mas também dos estados”, acrescentou o ministro.
Haddad destacou que a criação da delegacia vai ser “útil” para estruturar o combate ao crime organizado, “independentemente de governo”. Para o ministro, a nova instituição vai institucionalizar as ações.
Haddad avaliou que é mais difícil desfazer a criação de um órgão de Estado voltado especificamente para determinada atividade, como seria o caso da delegacia da Receita.
“Até para cobrar do poder público ações efetivas contra o crime organizado, é bom saber que tem um órgão criado com essa finalidade”, continuou.
O ministro espera que novas operações sejam deflagradas ao longo do ano, embora “não se antecipe esse tipo de coisa”. “Tem muita coisa para fazer”, finalizou.