
O Brasil será palco, entre os dias 10 e 21 de novembro, deste ano, da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), o maior evento internacional dedicado ao combate às mudanças climáticas. A conferência será realizada em Belém, no Pará, e reunirá representantes de cerca de 200 países com o objetivo de revisar metas, negociar compromissos e propor ações concretas diante da crise climática global.
A sigla COP refere-se à Conference of Parties (Conferência das Partes), um encontro anual dos signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), tratado criado durante a Eco-92, no Rio de Janeiro. Desde sua entrada em vigor, em 1994, os encontros são realizados todos os anos. A primeira edição foi em Berlim, em 1995. A mais recente, a COP 29, ocorreu em Baku, no Azerbaijão, em 2024.
A escolha de Belém carrega forte simbolismo geopolítico e ambiental. Localizada na Amazônia, a cidade anfitriã reforça a mensagem brasileira sobre a importância da preservação das florestas tropicais no enfrentamento à crise climática. A presença de comunidades indígenas e sua relação com o território amazônico também ganhará destaque nas discussões, valorizando seu papel histórico na proteção ambiental e na manutenção da biodiversidade.
Durante o evento, o Brasil deve defender temas como justiça climática, financiamento internacional e apoio a países em desenvolvimento. Um dos principais marcos da história das conferências foi o Acordo de Paris, firmado em 2015 durante a COP 21. Na ocasião, 195 países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C, com esforços para mantê-la abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. O não cumprimento dessas metas aumenta o risco de eventos climáticos extremos e impactos irreversíveis no planeta.
Para atingir os objetivos do Acordo de Paris, é necessário reduzir globalmente as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 40% até 2030. Os países atualizam seus compromissos por meio das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). O Brasil revisou suas metas em 2024, estabelecendo a redução de 48% das emissões até 2025, 53% até 2030 e uma faixa entre 59% e 67% até 2035, com base no ano de 2005.
A COP 30 acontece em um cenário alarmante. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 foi o ano mais quente já registrado, superando os recordes de 2023. O aumento da temperatura dos oceanos, impulsionado pelo fenômeno El Niño, elevou o nível do mar e acelerou o derretimento de geleiras, além de aumentar a acidificação dos oceanos, prejudicando ecossistemas marinhos e atividades econômicas como a pesca.
Outro ponto central da conferência será o financiamento climático. Na COP 15, realizada em Copenhague, os países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para apoiar ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento. A meta, no entanto, ainda não foi completamente alcançada. Em Belém, espera-se que o tema ganhe força, especialmente com foco em inovação tecnológica, transição energética e combate ao desmatamento ilegal.
Entre os destaques aguardados para a COP 30 está a apresentação de um modelo de barco movido a hidrogênio verde, desenvolvido no Brasil, como exemplo de tecnologia limpa. A expectativa do governo brasileiro é que a conferência sirva como marco para reforçar o protagonismo da Amazônia e ampliar a mobilização global diante da urgência climática.