Na manhã de uma sexta-feira em Maryland, os produtores rurais observam com apreensão os desdobramentos das políticas comerciais do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O anúncio de tarifas sobre importações de países como Canadá, México, União Europeia e China gera incerteza no setor agrícola, tradicionalmente um dos pilares da economia americana.
Enquanto alguns agricultores apoiam as medidas, confiando na estratégia do presidente, outros temem que o setor seja prejudicado e se torne o “bode expiatório” da guerra comercial. Trump, que sempre contou com o forte respaldo da comunidade agrícola, insiste que os produtores entendem a necessidade de suas ações. No entanto, as disputas tarifárias ameaçam diretamente a subsistência de muitos fazendeiros.
Em Greenwood, a duas horas de Washington, o agricultor Richard Wilkins cultiva soja desde 1973 e exporta parte de sua produção pelo Porto de Virgínia. No inverno, seus campos permanecem vazios, mas a preocupação é crescente. Wilkins argumenta que os EUA sempre buscaram liderar pelo exemplo, abrindo seus mercados a importações globais. No entanto, o impacto real das tarifas pode só ser sentido na próxima safra, e, no curto prazo, a queda nas exportações pode baratear alguns produtos agrícolas.
Ainda assim, milho, trigo e soja representam apenas uma fração dos preços dos alimentos no varejo, o que limita os possíveis benefícios para os consumidores. Em seu discurso de posse em 20 de janeiro, Trump declarou que as importações agrícolas prejudicavam os fazendeiros americanos e pediu paciência à categoria.
No entanto, entre os produtores, cresce a dúvida sobre até quando será possível sustentar essa espera. Para muitos, a retórica protecionista do governo se choca com a realidade de um mercado globalizado, e os efeitos dessa política ainda são incertos para o futuro do agronegócio americano.
